Você deve se lembrar de apenas dois times quando falam em Escócia. O Celtic: aquele verde, do trevo de quatro folhas; e o Rangers: o do escudo azul. Os dois times protagonizaram por muito tempo um dos maiores dérbis da história do futebol. Protagonizaram. Isso porque um dos times de Glasgow, o Rangers, decretou falência este ano e já disputa a quarta divisão do país – com o nome ‘novo’. Não foi de uma hora pra outra, claro, mas o Rangers foi campeão em três das últimas quatro temporadas, sendo batido pelo rival Celtic, justamente na última temporada, 2011-2012. É impressionante pensar que um time tão grande, 54 vezes campeão nacional, coisa que o rival só poderá ser daqui a 11 temporadas, possa ‘terminar’ assim.
O Palmeiras caiu, já não é novidade pra ninguém, e na época da tragédia eu cheguei a pensar ‘e se um dia ele não mais existir?’ Imagine a decepção que deve ser para um torcedor ver o time que cresceu amando acabar do nada; e também para o rival, que se emocionou tantas vezes, quando os dois se enfrentaram.
O Rangers acumulou 27 milhões de euros em dívidas. Parece muito, mas o Botafogo, por exemplo, deve cerca de 560 milhões de reais; o próprio Palmeiras deve cerca de 245 milhões. E mais: os clubes que disputaram a primeira divisão deste ano devem juntos quase 4 bilhões de reais. Não vai ser surpresa pra mim se algum dia um sheik que não seja o Emerson der as caras por aqui. Eu sei que muitos vão adorar receber toda manhã a notícia de mais um time brasileiro que faliu: ‘tem que acabar com o futebol mesmo’. Mas… o povo não tem muito, e vende o que tem pelo time. O clube do coração pra muita gente é motivo pra viver – ou pra escrever, que dá no mesmo. Se acabar, sobra o quê?
Murillo Magaroti 